#DICA DE LEITURA NA QUARENTENA

Decamerão de Bocaccio
100 contos relatados em noites de fuga do tédio por um grupo de sete moças e três rapazes, que se abrigam em uma vila isolada de Florença na tentativa  de  se afastarem dos riscos da cidade tomada pela peste negra, pelo pânico e  pelo terror de uma epidemia que matou cerca de um terço da população que habitava o continente europeu em meados do século XIV.

Bocaccio provavelmente iniciou o Decamerão após a epidemia de 1348 e o concluiu em 1353. Os vários contos de amor em Decamerão vão do erótico ao trágico; contos de sagacidade, piadas e lições de vida. Além do seu valor literário e ampla influência, este maravilhoso livro retrata um mundo em crise assolado por dúvidas e medos, mas que se renova pelo olhar satírico sobre o passado e pela afirmação libertária, e muitas vezes libertina, de novas formas de convívio social. Um documento da vida de uma época distante, que se torna radicalmente atual. Escrito para ser lido em voz alta pode ser uma alternativa interessante para fazer 40 dias passarem num folear. O novo pode estar no passado. Contar histórias picantes e engraçadas para passar o tempo, enquanto se espera que a peste desapareça. Atraente.

Originalmenre escrito na língua florentina, é considerado uma obra-prima da prosa clássica italiana precoce. Diversão garantida para quem quer curtir um estilo de texto enriquecedor em muitos sentidos. Facilmente encontrado em sebos a preços módicos, também em edições novas.

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Um Conto de Decamerão, John William Waterhouse, 1916, tinta a óleo, tela, 101 cm x 159 cm, Lady Lever Art Gallery.

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Correio do Povo, pág.2 31/Jan/2020

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O Bode e a Galinha

A melhor metáfora para a MP 867 que tramita no Congresso com a intenção de mudar o Código Florestal Brasileiro é a dos avarentos que mataram a galinha dos ovos de ouro para assim encontrarem dentro da galinha todos os ovos de ouro, terminaram com nada além de uma galinha morta. O verde da bandeira do Brasil é a marca registrada que mais agrega valor ao agronegócio brasileiro. Abundância de água, solo fértil, gado criado em contato com ambientes naturais que o torna mais saudável, peixes de origem natural em rios não poluídos, grãos com alta qualidade por que se desenvolvem em um regime de chuvas que dão condições ao crescimento de boas safras a um custo menor, sem irrigação artificial. Produtos da extração florestal sustentável com alto valor de mercado. A lista é longa de qualidades do agronegócio brasileiro que respeita a floresta, as nascentes, o ciclo de águas que são nossos maiores patrimônios.

Mas querem matar a galinha dos ovos de ouro. Outros países já passaram por este processo, entre eles os EUA. Que tem vastas regiões desertificadas pela exploração predatória de florestas e pela agricultura extensiva que não preservou árvores.  Só lembrando um pequeno detalhe na história recente: Belo Monte. Uma hidroelétrica que virou uma gigantesca cicatriz na região mais inexplorada da bacia do rio Xingu, foi uma verdadeira tragédia ambiental, política, social, antropológica e fonte de muita corrupção.

Agora o governo que se elegeu com amplo apoio de ruralistas está irresponsavelmente pondo em risco todo o mercado do agronegócio, liberando agrotóxicos superados e proibidos em outros países, fazendo vistas grossas a bandidos que desmatam e exportam ilegalmente madeira protegida por lei. E o agronegócio que cumpre a lei fica se sentindo feito de idiota. Afinal esse não era o governo que iria combater os bandidos? Fazer cumprir a lei?

O Brasil é o campeão da insegurança jurídica, a cada 4 ou 8 anos mudam as regras dos negócios, desorganizando-se segmentos inteiros da economia. A fragilização das marcas e negócios que vendem no mundo inteiro o Brasil “verde” interessa a quem? Enquanto essa medida provisória tramita nos gélidos corredores das comissões do Congresso Nacional a “inteligência” dos nossos universitários, ainda sob o efeito anestésico das cartilhas de ultra esquerda, estão preocupados com o pai do presidente da OAB, com a justiça “histórica”. Que belo bode colocado na sala. Bolsonaro é um gênio da mídia social. Enquanto todos olham para o bode, matam a galinha dos ovos de ouro.

Só para lembrar estamos colhendo uma super safra histórica de milho. Fruto de um bom regime de chuvas, enquanto nos EUA, maior produtor mundial de milho houve seca e quebra histórica.

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Cabeças que servem para o quê? #degolados #altamira

Cresci ouvindo que o Brasil não tinha terremoto, furacão, nem guerra, que aqui ninguém passava fome. Um paraíso tropical colonizado por gente de bem com a vida, que gosta de praia, carnaval e joga futebol com alegria. O Brasil de 2019 está protagonizando um contexto de violência com cenas dignas do Estado Islâmico, de medievalismo brutal.

Dúzias de cabeças decepadas, guerrilhas urbanas com armamento pesado, máfias organizadas através de partidos políticos e infiltradas em governos, parlamentos, empresas da infra-estrutura de energia, de comunicação e da construção civil. Militares e policiais envolvidos com tráfico de drogas e armas que abastecem mercados mundiais. Batalhas em que a letalidade para um policial militar brasileiro é mais alta que a letalidade para um soldado norte americano no Oriente Médio.

Isto não foi construído em pouco mais de duzentos dias de governo. Trata-se de um processo de estupidificação que decorre de anos de práticas políticas predatórias, de atividades parlamentares míopes, de dilapidação da peça mais importante para que um país se mantenha a frente do desenvolvimento econômico: a educação.

As elites brasileiras têm uma alta parcela de responsabilidade sobre o contexto a beira do inadministrável em que chegamos. Não existe um projeto de nação que se sustente sem o apoio das elites, e no Brasil estas elites se tornaram idiotas, de rasa filosofia, pouca capacidade de planejamento e fraca intelectualidade. A falência da inteligência brasileira encontrou em alguns ideólogos seu ápice de bufonismo e falta de fundamentação. Tanto na direita, quanto na esquerda. Estamos reféns desse espetáculo ridículo que não nos leva a lugar algum. As cabeças rolando são o símbolo máximo de nossa acefalia, da extirpação da parte pensante de nossos corpos e sociedade. Da incapacidade de ser mais eficiente do que o crime organizado, ou ainda pior, de conviver com ele.

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No faroeste digital, xerife também leva tiro

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Publicado no CORREIO DO POVO desta quinta-feira, dia 1º de agosto de 2019 na página 3.

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Eu conto como o pai dele morreu #mimimi

Aliás como os pais têm morrido no Brasil?  Esperando na fila de atendimento médico, por bala perdida, sem cirurgia, atropelados, assaltados, por falta de penicilina. Por abandono familiar. Esses não importam, né? 
Laranjas, factóides, bobagens, tresvairios, pá-pá-pá pô, dedo no cu. E assim segue o non-sense que faz fake-pautas para o fake jornalismo, dos fake leitores de 140 caracteres. Qualificar a política nacional passa por qualificar o debate político, os debatedores, as regras do debate, os times dentro dos gabinetes que eleboram os termos dos debates. Mas isto é um possibilidade tão real quando a ida dos astronautas para marte este ano. Não temos a mínima chance de discutir política de sustentabilidade ambiental, descarte de resíduos sólidos, projetos de energia limpa, smart-grid, plano de saneamento básico, desengensamento dos processos educacionais, diversificação de modais de transporte, home-education, acesso a armas para civis que queiram registrar seus armamentos, desenvolvimento tecnológico, marcas e patentes, e, principalmente, o milagre econômico da reforma da previdência. Nada disso é relevante. Importante é o corte de cabelo do líder em pleno papo de barbeiro esculhambando desafetos políticos mortos de 50 anos no passado, isso sim merece atenção da mídia. Portanto quem é responsável pela esculhambação institucional do Brasil que faz meia dúzia ficarem muito muito ricos? Nós. Eu, tu e o rabo do tatu. Esquerda cruza e direita faz gol de placa. E enquanto não passarmos a focar no que tem que ser focado, enquanto a agenda for feita pelo twitter de algum fake assessor estaremos reféns do anti debate, da cortina de fumaça, da bobagem pela bobagem. A espetaculização da política é tão antiga quanto a própria política de milhares de anos passados. Separar o espetáculo do que importa continua sendo o grande desafio do espetáculo-cidadania fundada sobre o pão e circo. Peço por favor, mais foco nos vivos e nos fatos e menos mimimi.

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O quarto poder no paraíso dos hackers

Chantagistas chantageados por chantageadores profissionais que chantageavam para os chantagistas. Parece a resolução de um crime pelo Scooby-Doo e Salsicha. Pasmem, é onde o “puderrrr” concentrado nos gênios de Brasília nos levou. Os contratantes de hackers os catapultaram a condição de quarto poder e agora não sabem o que fazer.

O Brasil faz tempo dá mostras de falta de gestão ou planejamento em telecomunicações. O país ignora acordos de segurança na internet, o sigilo de usuários, os direitos autorais na web e confunde, na internet e fora dela, a diferença entre público e privado. Aqui Zuck jamais seria interrogado pelo Senado ou um Senador teria que explicar como usa seu e-mail para compartilhar informações de Governo.

Dezenas de milhões de brasileiros têm seus dados bancários invadidos. Ações na justiça movidas por você ou das quais você é réu, seu CPF, endereço e telefone, tudo está exposto na internet brasileira. Uma conversa telefônica entre a presidente e o ex-presidente dois dias depois de acontecer estava no noticiário nacional. Centenas de milhares de arapongas virtuais oferecem serviços nas midias sociais. Descubra se o seu namorado lhe trai. Experimenta fazer essa busca. No Brasil ainda é possível roubar um celular e revendê-lo sem ser rastreado pela polícia.

Sem legislação específica coerente ou aparato policial qualificado o Brasil, que já é o maior corredor de exportação de cocaína no mundo, também é o mais próspero paraíso de hackers do mundo. Arapongas a vontade, chefes do crime comandando as capitais de dentro das prisões por WhatsApp, impunidade quase total para os donos de bunkers e até um sistema eleitoral em que qualquer menino descobre em quem você votou. Centenas de milhões de ligações para celulares feitas por empresas para quem os usuários não deram seus números. Claro que um dia esse caldo cultural criminoso iria ferver. Mas quem se importaria com isso? Quando os bancos passaram a compartilhar entre si dados dos clientes, nada houve. Quando centenas de milhares de aposentados tiveram empréstimos consignados fechados por telefone, pouco aconteceu. Quando a Receita Federal passou a poder cobrar Imposto de Renda a partir da movimentação bancária, que um dia foi sigilosa por motivos óbvios, nenhum ministro se opôs.

Agora os ministros têm dificuldade com o novo universo das comunicações e do compartilhamento de informações outrora privadíssimas. No faroeste caboclo digital, xerife também leva tiro. Ou nas palavras do Guru do Meyer: “papagaio que come pimenta sabe o cu que tem”.

Só para lembrar, o Brasil segue há anos com a tarifa de telefonia móvel mais cara do mundo, 50% dos fios nos postes não servem para coisa alguma e uma parcela minúscula dos estudantes universitários sabe explicar como a luz se transforma em foto no celular que seguram na mão. 

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Ironia do destino porto-alegrense

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Esta foto fiz numa noite fria, em que passeava quase sozinho onde hoje não posso mais ir, muito menos fotografar. A foto é a triste testemunha de uma cidade mutilada ao longo de décadas por gestores com ideias confusas, que não estudaram ou conheciam as raízes culturais, econômicas e sociais deste Porto, cada dia menos Alegre e menos portuário.

Tiraram os bondes, ergueram o muro, fecharam o porto, anularam bairros inteiros, não atrairam novos segmentos econômicos. Amontoaram obras abandonadas , inacabadas, mal acabadas, descabidas. Esqueletos, escadas rolantes que levam ninguém a lugar algum, saídas fechadas, acessos inacessíveis. Ninguém mais se surpreende, para sair do centro da cidade de milhões de pessoas, tem que ser um veículo por vez.

Proibiram cavalos de puxarem carroças para substitui-los por pessoas. Acirraram a guerra do lixo acumulado por estes escravos pós modernos que roubam para receptadores ricos os resíduos que a prefeitura é paga para recolher, mas não sabe fazê-lo. Só sabe cobrar, cada vez mais. Obrigando vários a vender seus imóveis por não poderem arcar com o imposto sobre a propriedade. Evacuação imposta.

Sem projeto para ocupar esta gigantesca estrutura de armazéns, silos e prédios portuários que começam na antiga fábrica do Renner e vão até às portas da Zona Sul. Estas mesmas autoridades querem permitir que se derrube a mata de áreas ainda “não ocupadas” lá no extremo sul. Para erguer mais prédios que terão o mesmo destino, o abandono.

A cidade vai sendo lixificada a cada dia. Muros que separam ruas esburacadas e alagadas de terrenos baldios, ginásios em ruínas e até um lindo estádio transformado em cracolândia.

Nada supera a estupidez desses sujeitinhos? Vamos embora, deixar que matem a cidade sufocada pela incompetência e falta de qualidade intelectual? Que ironia, justo esta que foi a mais vanguardista das capitais. A de arquitetura moderníssima e grandes avenidas, de muitos chafarizes e cafés agitados por ideias novas. Ironia do destino.

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Sequin (journal keeps on)

For many times I have faced challenging vocabularies, reading the baseball games comments on The New York Post, watching “Grumpy old men” with Walter Matthau and Jack Lemmon. So idiosyncratic!

(https://www.youtube.com/watch?v=7PK016TI06Y)

Having to describe in engineering language the electric panel of truck assembling plants. There are so many vocabulary realms, not to mention W. Shakespeare’s plays or the Bible. Oaths, euphemism, homo lingo, or a Deep Purple’s piece of lyrics. I guess the list of challenges is just as long as one’s experience with English Language. Lifelong list. If my text sounds like “preposterous” or “pretentious”, I just hope you forgive me. These two words are the paradoxal concepts that some professional writers will come across along the experience of working, either in the academic world, or just as a professional into EFL having to meet students’ needs and anxieties. As you have mentioned Huck Finn, by Mr. Twain, I can give a very personal account on it. It is amazing. The story of two boys, one white and one black, defying the domination of an authoritative society. Fantastically update and metaphoric for the 21th century readers under the politically correct censorship. I have to write about my challenges on vocabulary, what about “sequin”. How embarrassing not to know what this tiny thing is.

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Sunday Journal

To keep up a journal is so nice. I got really thankful that someone on this planet proposed me: hey you there! Keep up a journal, kay? I am a journalist. This is the second course I take from Berkeley. The second course by Ms. Sokolik. Last course I produced a term paper, which I love. https://lucianomedina.wordpress.com/2016/02/10/from-the-cave-spot-to-the-snapshot/ On this essay I make a point on the fact that the internet and our toddler digital age has offered not to much of a reliable back up for our pictures. Many kids who now are from 10 to 15 years old simply do not have pictures of there first years of life. The CDs, HDs and some platforms, like the Orkut, have become digital and electronic trash. As we print much less pictures and at a lower quality most likely in some decades the best images of our daily life may remain having been painted in the 16th century (The Arnolfini couple, by Van Eick).

It is Sunday. Sunny one, the sky is completely blue, and one can see the crescent moon. Tiny moon. It’s winter in the southern hemisphere in July. The sun is so low in the horizon that the sky goes bluer. I spent some time in the afternoon sky gazing. How much have you looked deep in the blue sky these days? Was it blue? So I took some pics of what it looks like to gaze at the sky around my neighborhood. You will see there all very urbanized reflections. Urban violence. Connectivity, the flow of energy and signal, sun energy: being wired, fenced and concerned about pollution. The reality of many citizens from so many cities around the world.

When a classroom has 42 thousand classmates I also think about the amazing chance of getting to know what we have in common.  My guess? We have much in common.

Before Goethe sat and wrote he used to walk a bit in the black forest. Among the trees he would organize his ideas; well organized ideas produce well organized texts. My walk is around high walls with fences, energy posts, telephone wires, and scarcely found trees. The landscape of an old deactivated harbor. Some cliché of an arid post-industrial iron with concrete and greyish colored city, contrasting to the bluest sky. The comfort of post-modern urban lives is at the core of what we call civilization. Is it? It looks like very few live on a Caribbean paradise beach city. When someone thinks of Brazil, where I live, what probably comes to one’s mind is a sunny beach filled with tanned slim bodies. Maybe the best representation of power nowadays is being served a perfect mojito on that postcard bay. Have a good Sunday. I hope you enjoy my Sunday journal.  https://lucianomedina.wordpress.com

Text and photography by Luciano Medina Martins

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