Mais do Mesmo versus Mais do Mesmo

O anti-espetáculo de ofensas com pouco debate de propostas de desenvolvimento são as tônicas nas campanhas para às eleições de 2022. Os candidatos as posições máximas do executivo federal e dos estados, ou, auto-elogiam suas gestões passadas, ou, detratam ao oponente de forma apelativa.

Estudo recente de um órgão de pesquisa em Washington/EUA aponta como fato relevante na análise das eleições brasileiras de 2022 a descredibilidade do processo eleitoral. Existe uma crise de representatividade, a abstenção em algumas situações chega a um terço dos eleitores.

O desinteresse não se explica somente pelo debate pouco propositivo, tem origem na estrutura das eleições e no formato dos cargos aos quais elas dão acesso. Concentrar na figura do presidente e dos governadores as funções de chefe de governo e de chefe de estado torna estes agentes quase imperadores. Estes superpoderes dos executivos federal e estaduais, associados a impostos que consomem uma fatia larga do PIB, mais de um terço, sendo que grande parte destes recursos são gastos para sustentar privilégios, com pouco retorno em serviços e infra-estrutura, são contextos que geram a sensação nos eleitores de que seus votos não validam seus interesses como cidadãos.  

A matemática do voto proporcional faz candidatos de expressiva votação não ocuparem cadeiras, enquanto alguns menos votados as ocupam por conta de coeficientes, o que permite aos eleitores suporem que não são representados e que seus votos poderiam estar sendo manipulados.

Democracias modernas adotam o voto distrital, em que um distrito é composto por percentuais pequenos do eleitorado, e não por todos os votantes de um Estado de milhões de eleitores. No Brasil aqueles que pleiteiam ser parlamentares federais ou estaduais peregrinam por centenas de cidades, tornando as campanhas caras e distantes do cidadão, que somente vê os candidatos por poucos segundos através de mídias, ou em cima de caminhões de som.

O voto proporcional ainda fomenta o surgimento de muitos partidos, no Brasil temos 32 partidos políticos, vários semelhantes entre si, o que faz parecer para o eleitor que os concorrentes têm poucas diferenças e quase todos dão continuidade a gestões, sem que sejam propostas novas soluções. Este cenário é ainda agravado pela noção de que existe cerceamento da manifestação de posição política para quem não é candidato e censura a jornalistas.

Luciano Medina Martins – jornalista

Sobre Luciano Medina Martins

Journalist, blogger, activist against the abuses of states that violate citizens' rights. I don't write about one only topic, I like to interact with many different issues. No fake news here.
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